tag:blogger.com,1999:blog-82751992968447972472024-03-19T00:38:59.920-07:00De perto ninguém é normalCaroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.comBlogger51125tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-31988150609649933282015-12-10T18:15:00.000-08:002015-12-10T18:15:01.404-08:00Cartas que te escrevi depois que você se foi (1)Te ler é como tomar cachaça. Entra quente, o corpo amolece, depois dá ressaca.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-62961190157327020612015-09-17T18:15:00.000-07:002015-09-17T18:15:30.053-07:00SilenciarA mata fecha os ouvidos pros zunidos da cidade. Carro, construção, batedeira, celular. Dentro dela só o barulho do silêncio faz vez. Barulho do silêncio. Sim, há um barulho no silêncio, e o silêncio do barulho da mata me disse que eu precisava silenciar.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-80543920079001034292015-07-25T15:45:00.002-07:002015-07-26T01:45:52.079-07:00Queimar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRQ2xk3FsMWvMcK7A8aIEfJTKUd3uzuli8kHjRWtJ28Tr3PNrRxgdv1HvJ3YRp7t9j2odPmtcCMTIlIo_KhQNS9OH-qO9cmLDVJNftxlnq62fLpOCfqB-Y20AqfhiUFvVr5ttbB94cfqM/s1600/DSC_0331.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRQ2xk3FsMWvMcK7A8aIEfJTKUd3uzuli8kHjRWtJ28Tr3PNrRxgdv1HvJ3YRp7t9j2odPmtcCMTIlIo_KhQNS9OH-qO9cmLDVJNftxlnq62fLpOCfqB-Y20AqfhiUFvVr5ttbB94cfqM/s400/DSC_0331.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Quarto escuro, meia noite, luz lunar. Madrugada. Frio na sala, pele pra esquentar. Água, banho, chão. Carinho, ensaboar. Enxuga, lágrima, carinhar. Biscoito, cachorro. Cerveja. Cabeça e braço e perna e pelo e cabelo e costas, sinal. Madrugar.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-75032852352049957982015-07-14T18:04:00.000-07:002015-07-14T18:04:19.605-07:00O retratista"Eu sou intenso", ele disse. E completou dizendo, "mas estou tentando parar com isso, porque a vida não é assim".<br />
Conversamos um pouco mais, sobre algum assunto que não lembro, eram besteirinhas de quem estava flertando. Entre uma frase e outra, desafiei com um olhar. Ele aceitou, e me deu um beijo. A noite toda foi assim. Um copo de cerveja, beijos, pedido de namoro (depois de mais cervejas), carinho no rosto, abraço por trás, os olhos fechando de leve depois do carinho. Boteco, escuro e amasso.<br />
E foi só essa noite.<br />
Porque ele era intenso em tudo, e não tinha como não ser.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-38828066206453347072015-07-08T01:56:00.000-07:002015-07-08T01:56:02.031-07:00DesassossegoÉ madrugada. Entre um sonho e outro, pesadelo. Acordo. O sono me chama novamente, a cama é confortável, o edredom traz o calor do conforto que preciso. Mas não consigo dormir. A cabeça fervilha com o desassossego. Desassossegada. <div>
Nos últimos tempos tenho tido dificuldade para escrever, então, nessa madrugada resolvi despir-me. Gosto de pensar na escrita como um movimento de tirar a roupa, porque cotidianamente carrego roupas tão pesadas, camadas e mais camadas de roupas que me impedem de olhar-me na completude da nudez. Na verdade, não me impedem, não são elas as culpadas pela minha cegueira. Sou eu que me escondo debaixo de tanta roupa. Por isso, como escrever é dispor-se a falar sobre o que é realmente significativo, começarei a tirar a roupa.</div>
<div>
Meu desassossego tem contorno definido. Sei onde começou, embora poucas vezes olhe para ele com olhos abertos e atentos. Mas ontem, ouvindo falar de amor, fui tocada. Não consigo amar. Ao escutar falar de amor, deparei-me logo com um ceticismo que não acreditava que tinha. Eu costumava ser uma menina doce, intensa. Vivia sendo advertida pelos meus amigos dos perigos de amar com coração cheio, de dizer mais "sim" que "não". Hoje, ao contrário, desacredito. Quero o "não", até me convencer de que pode virar "sim". Já não me deixo levar tão despretensiosamente numa conversa, desacredito. </div>
<div>
Talvez, já estando mais perto dos trinta que dos vinte, tenha aprendido o desamor.</div>
Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-34117830844507276562015-05-19T21:00:00.000-07:002015-05-19T21:00:14.355-07:00Olhei pra ele, garoto alto, magro, com porte de garoto novo. Tinha na ponta da cabeça, cabelos que se alinhavam em cachos. Tinha um sorriso fácil, e quando sorria mostrava toda a vontade de alegria de palhaço.<br />
É sobre ele que quis escrever, colocar no papel. Mas, fora o jeito que era e se comportava o que teria pra dizer?<br />
<br />Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-81034324492341911342015-04-28T06:52:00.001-07:002015-07-25T15:55:34.001-07:00Navegante<span style="background-color: white; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: x-small; line-height: 19.3199996948242px;">Lá estava ela, de frente pro rio. O sol que batia no seu rosto aos poucos foi contornando a curva do seu corpo, marcando o tempo. Já era hora, ela sabia, mas a vontade de ficar tomava-lhe o desejo. Vento frio, água em frente, corpo inerte na beleza que apenas "era". O barulho do motor do barco e seu movimento acompanhando o fluxo lembrava: "sempre em frente, nunca pra trás".</span><br />
<span style="background-color: #444444; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: x-small; line-height: 19.3199996948242px;"><br /></span>
<span style="background-color: #444444; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"><br /></span>
<span style="background-color: #444444; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"><br /></span>
<span style="background-color: #444444; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"><br /></span>
<span style="background-color: #444444; color: white; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"><br /></span>Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-24999724042458675702015-04-28T05:57:00.001-07:002015-04-28T07:15:20.903-07:00Corpo sigilo <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy9QVBYZBIe66cZ8ow_-ODJcwzgKLVnlWzPefS00Qw1g6DR0r9M7dOmX1KRRgIKwnFAVcdBLLceMVXrSOgIV80NMe-xHDaXcPE0FERLzsOPl1dmfbIa9HEGqww-TYdxC3kRCq2NtBx11k/s1600/IMG_8310-3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy9QVBYZBIe66cZ8ow_-ODJcwzgKLVnlWzPefS00Qw1g6DR0r9M7dOmX1KRRgIKwnFAVcdBLLceMVXrSOgIV80NMe-xHDaXcPE0FERLzsOPl1dmfbIa9HEGqww-TYdxC3kRCq2NtBx11k/s1600/IMG_8310-3.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<br />
Um grito mudo quebra o sigilo, é preciso falar! Aos poucos as dores pesadas que vestiam aquele corpo tomam forma. No espelho, a imagem paralisada da menina nua, com cabelos longos e leves que se deixam levar pelo vento em movimentos de liberdade, faz chorar. Linda imagem reflexa, projetada por um corpo preso, mudo, sigiloso. Não se pode contar, é preciso guardar o que viveu, como algo sujo. A palavra é proibida, as frases que compunham a história aos poucos vão perdendo-se no tempo que corre apressadamente, mas vez ou outra o tropeço faz lembrar: é preciso falar! Então aqui está ela, de frente pro espelho, contemplando a beleza da menina nua, lembrando que esse corpo ainda está vestido com peso.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-7704460291501268072014-09-06T17:17:00.002-07:002014-09-06T17:17:44.012-07:00O grande desafio é pôr no papel algo tão autêntico que traduza com exatidão tudo que se sente, pensa, ou sente pensar.
Não consigo.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-64137529905515889232014-07-17T02:05:00.001-07:002014-07-17T02:05:57.023-07:00A ressacaMuito pior por lembrar do que disse, mas o que disse também é parte do que sou, do que quero. Muito pior por assumir o peso sóbrio do que disse.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-66673417115791668512014-07-15T16:35:00.001-07:002014-07-15T16:35:12.424-07:00Hoje convencionou-se ser o dia do homem. Então, por pura admiração, quero dar minha contribuição ao dia.
Levei um tempo pra descobrir a beleza do homem. Isso porque parece-me que a poética feminina é mais ressaltada dentro de versos, ou se encaixam melhor entre as estrofes que falam do seu cheiro, da sua fragilidade, da mãe, da mulher contemporânea. O homem é mais quadrado e não entra tal facilmente nas estrofes.
Eis, então, do que gosto. Gosto dos ombros largos, das barbar mal-feitas, do suor. Gosto do jeito simples, das decisões fáceis, das coisas retas. Homem tem um jeito tão mais fácil de lidar com a vida.
Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-47278062303949870812014-07-11T18:23:00.002-07:002014-07-11T18:23:26.703-07:00Dei uma olhada rápida pro seu pulso, enquanto falava do quanto o último jogo da seleção mexeu comigo, e vi que usávamos a mesma pulseira. Não é surpresa pra mim que nós fossemos parecidas em alguma coisa, há duas sessões de terapia caminhávamos no mesmo ritmo.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-10565002156166534592014-07-10T18:43:00.000-07:002015-04-28T07:14:54.707-07:00Mostrar-se<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfu1Mfu1tfmLgx8S5NbjU6ZJwYTWokWTHG2ZnXE2kFx1wBU-vXtAx44iwUff_84MtW48hE6LLnd6aEXAB0GnGTWem6I6IKxhtHVY6ZGg2TPxBLCg6p4xbHK2epxiaHmgK8k0r7ihVqhkw/s1600/IMG_5500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfu1Mfu1tfmLgx8S5NbjU6ZJwYTWokWTHG2ZnXE2kFx1wBU-vXtAx44iwUff_84MtW48hE6LLnd6aEXAB0GnGTWem6I6IKxhtHVY6ZGg2TPxBLCg6p4xbHK2epxiaHmgK8k0r7ihVqhkw/s640/IMG_5500.jpg" height="267" width="400" /></a></div>
Não sei ao certo se é esta a denominação para o movimento que ando vivenciando. Talvez eu pudesse escolher outros títulos tão verdadeiros quanto. Olhar-se. Descobrir-se. Compreender-se. Expressar-se. O fato é que ando me compreendendo mais, desvelando-me. Sei o que quero, como quero, a intensidade que quero. Desejo a liberdade do semi-nu, porque também não quero o nu. Desejo o desejo do outro, mas só se ele me desejar por seu próprio querer. Não o quero por pressão, por cálculos. Quero observar o movimento da onda, e entrar nela, se ela me quiser também. A natureza também tem desejo. Quero a montanha russa, a lupa de visão sensível, a cachoeira, a flor rosa e amarela. Sou tudo isso.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-68929882857343468992014-06-30T03:48:00.001-07:002014-07-01T17:52:46.758-07:00Tudo dói. Dor visceral. Um grito mudo corroe meu interior. Me agacho e grito. Grito, mas é só pra mim. Como ontem, o som alto do curimbó preenchia o espaço e eu, como observadora, encontrava irmãos de dor. Um homem e uma mulher, dançavam e tentavam esboçar um sorriso, porque a vida é de sorrir, mas a vontade era de grito. Grito e choro. Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-64030618299133129682014-06-28T19:08:00.001-07:002014-06-28T19:08:57.766-07:00Email pro MichelHoje eu vi um parto, não foi da minha afilhada (aliás, contei que vou ser madrinha?!), foi num programa na GNT. Ainda tô com o nó preso na garganta. Sabe quando você consegue perceber todo o amor que uma situação envolve? Eram gêmeos, do jeito que eu queria ter, e quando o pai foi mostrar o bebê pros avós, tios e tias pelo vidro do berçário, todos abriram um sorriso enorme e os olhos encheram de lágrimas. Aqueles seres, tão pequenos, vieram ao mundo pra tornar tudo grande. A espera grande, a ansiedade grande, o carinho grande, um amor grande, multiplicado por dois.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-79266945832859027382014-06-28T18:48:00.002-07:002014-06-28T18:52:12.928-07:00O que é bom reverberaCheguei na metade. As pessoas já pareciam estar num ritmo próprio, ou melhor, próprio do lugar porque eu, chegando atrasada, ainda me sentia fora - era eu, e eles.
Sentei num lugar qualquer longe do olhar de todos, não queria atrapalhar, chamar atenção, ser vista. Mas, como quase que um convite sem a oportunidade de negar, entrei na roda. Fechei meus olhos e não tive vergonha - as vezes deixo de fazer o que eu quero por vergonha. Senti seu ritmo. Todos batiam de formas diferentes mas eu conseguia perceber, era o coração. Cada um com seu coração, cada coração batendo com substâncias diferentes. O que estava na minha direita começou com as mãos e o chão de madeira. Outro lá no canto também usava as mãos e madeira, mas o ritmo era diferente. Eu, ainda com meus olhos fechados, batia palmas. Eu, ainda com meu olhos fechados. Eu, ainda com meus olhos fechados me lembrei de tanta coisa. Lembrei tanto que por um milésimo de segundo senti a presença do Michel ao meu redor. Era o seu cheiro e o cheiro do Rio de Janeiro, aquele cheiro bom de "pode fazer tudo". O som do metrô, o vento frio que passava pela gente naqueles dias de chuva de dezembro, o quatro só nosso, os cafés da manhã que viravam almoço por acordar perto do meio dia. Aquele cheiro de tudo entrou rasgando minhas narinas. Doeu. Chorei. E quis mais. Tudo que é bom, um dia, reverbera.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-42636743891425770472014-06-26T07:05:00.001-07:002014-06-26T07:05:22.739-07:00Tenho pressa, mas meus passos largos não conseguem apressar o tempo. Ele é único, tem seu ritmo próprio, passos próprios, ângulos precisos entre os minutos e as horas. Tenho pressa e dor, meus ângulos próprios são cheios de nada.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-34450624010957561332014-06-25T18:59:00.002-07:002014-06-25T19:03:43.399-07:00Ainda sobre a poéticaAinda sobre a poética, percebi agora, nesse momento entre a consciência e o sono - nesse momento em que as idéias fugitivas da realidade tomam liberdade - percebi que minha vontade de fotografar não pode ser dada a qualquer corpo. Ela, a fotografia, tem sua poética, e a poética tem seu personagem. Meu nú e cigarro. Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-57685416988475641722014-06-25T12:53:00.001-07:002014-06-28T18:28:47.192-07:00Queria me debruçar sobre a página e conseguir deixar a narrativa fluir como a de Clarice, mas vez ou outra esbarro na finitude da coisa dita. Passando e repassando as frases na minha cabeça, soam-me como ecos, tudo faz sentido e tem forma. Mas tentando transformar o nó na garganta em poética, porque ainda preciso ter uma poética, esbarro.
Ontem falávamos sobre a poética de um exercício de Tarcísio. Ele próprio já é uma poética, mas vou tentar exemplificar em palavras. Falávamos sobre a poética e fiquei pensando sobre o que ela significa. Acho que seria como o significado da coisa, aquele que a traduz através da sua beleza mais própria. Pra mim há poética na chuva, não pela sua constituição física de água, nem a forma como o processo do clima transforma vapor em chuva, mas...aquelas gotas caindo...o cheiro da terra ficando molhada...é...tá vendo? esbarro. Não consigo definir a poética da chuva, mas pra mim ela tem sua poética, e é linda, tão própria, e tão minha, que não consigo transformá-la em outra coisa.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-16228992241730243162014-06-20T17:47:00.000-07:002014-06-20T17:47:38.727-07:00Pelo contrárioNão é pelo medo de me mostrar, já estou o fazendo. Também não é uma forma de dizer que gosto, porque também não é isso. Mas no ato simples de se dirigir pra explicar, fica implícito o querer. Eu quero, claro que quero, mas é um querer quase não querendo. Não que seja descompromissado, mas, quase que, livre.
Eu juro, é tão verdade! Mas parece que no impulso de desdizer, vou acabar dizendo. Mas não é isso, pelo contrário.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-60846727631193482132014-06-20T17:35:00.000-07:002014-06-28T18:54:45.036-07:00Sobre mim<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwY8TphxKh8EvMgnx8YUV1qQn1AoJsTUFKjeLdcig6BZO1ujjmay4fKAZLaWemAbnfIwk4Jq7h0n-e8wYjhvQnq72roe39gzV_poNyerdH9sFl1yOrYX0cfX-HoQyh3X919RyqFIydloo/s1600/Sem+T%C3%ADtulo-237.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwY8TphxKh8EvMgnx8YUV1qQn1AoJsTUFKjeLdcig6BZO1ujjmay4fKAZLaWemAbnfIwk4Jq7h0n-e8wYjhvQnq72roe39gzV_poNyerdH9sFl1yOrYX0cfX-HoQyh3X919RyqFIydloo/s400/Sem+T%C3%ADtulo-237.jpg" /></a></div>
Nascida no dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos. Nem santa,nem Cecília, nem música. Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-62912239784629743772014-06-11T17:43:00.000-07:002014-06-11T17:43:52.517-07:00Tramando<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEYhSbQfFrq_XIq0_sVV5GAShKkEMZZJqj6mRVebd5WermTtTsTXaDjed5Sr9vL61c2dX6fx1PGmWdkVFeayHl_GFECz7ToqAUA6Con7sb_2tbomv_6-lATcYhLzlSxrAfuY-NHq7x1sM/s1600/IMG_4328.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEYhSbQfFrq_XIq0_sVV5GAShKkEMZZJqj6mRVebd5WermTtTsTXaDjed5Sr9vL61c2dX6fx1PGmWdkVFeayHl_GFECz7ToqAUA6Con7sb_2tbomv_6-lATcYhLzlSxrAfuY-NHq7x1sM/s400/IMG_4328.JPG" /></a></div>
Era um cigarro. Tinha o corpo fino, longo, mas não cabia entre os dedos, escapava-lhe. Na ponta, a cabeça queimava em cinza de pensamentos, não, ideias, não, acordes. A boca larga, os lábios acompanhando a proporção, tinha gosto de nicotina. Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-81207958511817744692014-06-11T17:24:00.001-07:002014-06-11T17:24:32.322-07:001º dia, da arquitetura Gosto do torto. Parece-me que apenas no desajustado, incoerente, mal-feito, encontro beleza. É como se meus olhos, repousando na Catedral recém-restauradas (Catedral da Sé), com suas curvas perfeitas, não encontrassem a súplica da ajuda.
Gosto do desgosto, do lado oposto, do irregular.
Árvores brotando no topo daquelas construções, as janelas quebradas, pra mim, revelam a beleza do inesperado. Sim! É isso! É do inesperado que gosto, a beleza sem querer ser, apenas sendo e deixando aos olhos do expectados a tradução.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-22228784942893868572014-06-11T17:07:00.002-07:002014-06-11T17:07:57.399-07:00Sobre ela e o tempo
Não precisava de espelho para olhar-se. Não conseguia. A imagem que se refletia naquele objeto já ecoava no conceito que fazia de si. Bruxa. Bruxa e magra. Bruxa por conta dos cabelos que, com a idade, não tomavam mais uma forma harmoniosa. Estavam secos. Ela estava seca.
Sua pele não era mais a mesma. Ao enxugar-se percebia que mesmo a grande quantidade de água usada durante o banho não era capaz de hidratá-la. Essa mesma pele ressecada marcava-lhe o interior, porque sua falta de tecido adiposo revelava suas veias, grandes e ressaltadas, além de cobrir e desenhar o contorno dos ossos.
Mas de todas as marcas que o tempo havia lhe deixado o maior e mais expressivo era o olhar. Cansado. Cansado e vazio. Com dificuldade reagiam com alegria ou se banhavam de lágrimas diante de alguma notícia.
Sua pele era a única coisa que a revelava, mas eu queria mesmo conhecê-la pelo olhar.
Caroline MacielCaroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8275199296844797247.post-13074208321966583632013-11-26T08:33:00.000-08:002013-11-26T08:35:58.277-08:00Amor de flor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwdqFTT7e87-YyXOY68jmZ1foq_EA6IuJ30RzyDniunY7PJdw16nh5Xs0ssBvQhQE3TIno1b_kmFfb7OFIjdQECk9CVnktq6KleUq0cbnjpWGS5R5jxKe6Kv8wBQuGay3vxcqtPU9CyLo/s1600/michel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwdqFTT7e87-YyXOY68jmZ1foq_EA6IuJ30RzyDniunY7PJdw16nh5Xs0ssBvQhQE3TIno1b_kmFfb7OFIjdQECk9CVnktq6KleUq0cbnjpWGS5R5jxKe6Kv8wBQuGay3vxcqtPU9CyLo/s400/michel.jpg" /></a></div>
Vou encher de flores meus caminhos, e com passos irregulares vou caminhando. Quem sabe assim, na curva, te encontre novamente pra de novo rir nos teus braços.Caroline Souzahttp://www.blogger.com/profile/00118563301592639557noreply@blogger.com0