quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Com raiva



Hoje eu tive mais uma crise de inconformismo.
Acredito que algumas práticas preconceituosas são reproduzidas em discursos anti-preconceito.

Preconceito é quando você discrimina algo, ou alguém dentro de um contexto social no qual, por si só, não há similaridades, e o erro já começa por ai.

Ontem meu professor de " Psicologia escolar e problemas de aprendizagem" passou um documentário sobre as diferentes realidades das escolas do Brasil. Ao chegar a parte que mostrava a realidade das escolas particulares de elite, o dito cujo me pergunta:

"Qual o fato marcante neste episódio?"

Notei que as carteiras estavam bem enfileiradas, e que os alunos não usavam uniforme.

"Bom, professor, acredito que seja o fato dos alunos não usarem uniforme"

E então o "ser" responde:

"Vejam que nesta classe de elite não há nenhum negro!"

Uma raiva começou a me atingir de tal forma, a começar pelo seu tom de voz, que naturalmente já me causa repulsa, além do seu senso crítico muito aflorado pelos milhares livros que ele já deve ter lido na vida, além da má leitura de Foucault, que é um capítulo a parte. E a única coisa que eu consegui falar foi:

"Não acredito que isso seja foco de análise"

Depois senti raiva de mim mesma por não ter debatido sobre o assunto com ele.

Acredito que a discriminação acontece quando você separa indivíduos, quando os caracteriza de uma forma diferente dos demais e reafirma, reproduz, essa caracterização de forma a estigmatizar uma classe. Não acredito que analisando uma realidade elitista, dizer "estão vendo como negros não frequentam esta classe" seja uma forma de sensibilizar os alunos de psicologia para uma realizade social. Estaria servindo, na verdade, para reafirmar a condição de um grupo.

Além do mais, ainda sobre o documentário, o professor ainda lançou seu "olha crítico" acerca do colégio particular,se utilizando de um discurso marxista de "nós somos os pobres coitados que lutamos contra os grandes empresários"! Não, não há um órgão que detém o poder, não há aqueles que comandam e aqueles que são comanddos, e sim há uma realação de poder, estabelecida no dia-a-dia através de uma "micro-física do poder". E depois disso ainda diz que leu Foucault!

Não é de se indignar com uma coisa dessas?

Tentei escoar um pouco do meu veneno com as palavras acima, se eu não consegui, tente ler de novo, imaginando o meu espírito de inconformidade com a situação.

Para quem fica, um abraço.

Caroline Souza

2 comentários:

  1. Gostei. Isto dá assunto pra muitas postagens. Quero saber mais das tuas inconformidades.

    Beijos, amor!

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  2. Tá aí, prima, eu ia gostar bastante de te deixar mais incorfomada, porque essa separação a qual o professor referiu-se está coerente, no então, é muito papo pra manga que pede um pouco de interdisciplinariedade da psicologia com as ciências sociais. Enfim, é assunto pra muitas postagens mesmo. beijo beijo, te amo.

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