domingo, 11 de julho de 2010

Olhando para o céu




Só hoje percebi que nunca olhei pro céu. Não sei, parece que nunca havia reparado como as cores são bonitas, o céu de um azul intenso, e as nuvens com um branco chamativo, que às vezes se mescla com tom acinzentado, que não o faz ficar menos lindo.
E se as pessoas fossem feitas pra voar? Será que eu teria notado há mais tempo as cores do céu? Talvez as pessoas sejam feitas pra andar de cabeça erguida, e por isso nunca o tinha reparado, e percebia agora, com tanta surpresa, que nunca havia andado de cabeça erguida. Talvez olhar para cima seja uma conseqüência das decisões que tenho tomado ultimamente. Tenho me olhado de uma forma nova, e percebido com tanta admiração para as minhas outras possibilidades.
“Perder-se também é um caminho”, como diria Clarice Lispector, mas pensando assim, parece muito mais fácil se perder, porque qualquer outro caminho sem ser o caminho certo é o caminho para se perder, e continuando o raciocínio, perder-se teria, assim, um número infinito de possibilidades.
E hoje eu consigo encontrar uma possibilidade só: eu. Me descobri como uma possibilidade de mim mesma, e percebi o porque eu procurava um caminho, porque queria me encontrar. E hoje eu consegui encontrar o caminho certo pra mim, um caminho que parece me levar a ficar de frente a um espelho, um caminho pra chegar até mim.
Me vejo ainda como um vazio, um silêncio, o mesmo silêncio que existe quando olho para o céu, ou quando eu sento de baixo de uma árvore e fico horas olhando para o rio e o seu movimento contínuo para o nada. O que um rio haveria de querer dizer? E com a mesma admiração de quem olha pela primeira vez o mundo de frente e com a cabeça erguida, e com um caminho certo, hoje eu queria me dizer, e desenhar nesse vazio o meu contorno.

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