sábado, 28 de agosto de 2010




É tão difícil encontrar palavras de uma fala autêntica, porque me parece que tudo que eu tenho falado são falas sobre falas, histórias repetidas.
Mas agora acabou de me ocorrer de que eu estou tão cansada.
Acabei de descobrir que adoro inventar romances com medo de ficar só. Como a G.H., num dos livros da Clarisse Lispector, que vive repetindo "dê-me tua mão, porque sinto qu estou indo pra perdição da minha vida". Mas aqui estou, de frente pro grande silêncio do horizonte, só, e feliz. Já não tenho medo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sessão de terapia

A voz começou a ficar cada vez mais baixa, não por vergonha ou por vontade de não falar tudo aquilo, mas porque o que se dizia era tão importante e a tocava tanto que o nó na sua garganta e a vontade iminente de chorar obrigavam-na a diminuir o tom de voz, como se tudo aquilo lhe empurrasse para dentro de si.
Aquela sessão não fora diferente das outras, há tempos sentia que aquele discurso retilíneo e coerente escondia dentro de si as reais causas de toda aquela dor que sentia.
A sensação de estar incompleta era tamanha, e já fazia tanto tempo, que havia se acostumado com a idéia de ser só no mundo. Um lugar seguro. Porém, começar a falar dessa solidão abriu espaço para relembrar cada pedaço perdido. Foi quando começou a chorar.
Colocou a mão no peito, como que tentando acalmar seu coração, que agora batia descompensadamente.