quarta-feira, 25 de junho de 2014

Queria me debruçar sobre a página e conseguir deixar a narrativa fluir como a de Clarice, mas vez ou outra esbarro na finitude da coisa dita. Passando e repassando as frases na minha cabeça, soam-me como ecos, tudo faz sentido e tem forma. Mas tentando transformar o nó na garganta em poética, porque ainda preciso ter uma poética, esbarro. Ontem falávamos sobre a poética de um exercício de Tarcísio. Ele próprio já é uma poética, mas vou tentar exemplificar em palavras. Falávamos sobre a poética e fiquei pensando sobre o que ela significa. Acho que seria como o significado da coisa, aquele que a traduz através da sua beleza mais própria. Pra mim há poética na chuva, não pela sua constituição física de água, nem a forma como o processo do clima transforma vapor em chuva, mas...aquelas gotas caindo...o cheiro da terra ficando molhada...é...tá vendo? esbarro. Não consigo definir a poética da chuva, mas pra mim ela tem sua poética, e é linda, tão própria, e tão minha, que não consigo transformá-la em outra coisa.

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