sábado, 6 de setembro de 2014
quinta-feira, 17 de julho de 2014
A ressaca
Muito pior por lembrar do que disse, mas o que disse também é parte do que sou, do que quero. Muito pior por assumir o peso sóbrio do que disse.
terça-feira, 15 de julho de 2014
Hoje convencionou-se ser o dia do homem. Então, por pura admiração, quero dar minha contribuição ao dia.
Levei um tempo pra descobrir a beleza do homem. Isso porque parece-me que a poética feminina é mais ressaltada dentro de versos, ou se encaixam melhor entre as estrofes que falam do seu cheiro, da sua fragilidade, da mãe, da mulher contemporânea. O homem é mais quadrado e não entra tal facilmente nas estrofes.
Eis, então, do que gosto. Gosto dos ombros largos, das barbar mal-feitas, do suor. Gosto do jeito simples, das decisões fáceis, das coisas retas. Homem tem um jeito tão mais fácil de lidar com a vida.
sexta-feira, 11 de julho de 2014
quinta-feira, 10 de julho de 2014
Mostrar-se
Não sei ao certo se é esta a denominação para o movimento que ando vivenciando. Talvez eu pudesse escolher outros títulos tão verdadeiros quanto. Olhar-se. Descobrir-se. Compreender-se. Expressar-se. O fato é que ando me compreendendo mais, desvelando-me. Sei o que quero, como quero, a intensidade que quero. Desejo a liberdade do semi-nu, porque também não quero o nu. Desejo o desejo do outro, mas só se ele me desejar por seu próprio querer. Não o quero por pressão, por cálculos. Quero observar o movimento da onda, e entrar nela, se ela me quiser também. A natureza também tem desejo. Quero a montanha russa, a lupa de visão sensível, a cachoeira, a flor rosa e amarela. Sou tudo isso.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
Tudo dói. Dor visceral. Um grito mudo corroe meu interior. Me agacho e grito. Grito, mas é só pra mim. Como ontem, o som alto do curimbó preenchia o espaço e eu, como observadora, encontrava irmãos de dor. Um homem e uma mulher, dançavam e tentavam esboçar um sorriso, porque a vida é de sorrir, mas a vontade era de grito. Grito e choro.
sábado, 28 de junho de 2014
Email pro Michel
Hoje eu vi um parto, não foi da minha afilhada (aliás, contei que vou ser madrinha?!), foi num programa na GNT. Ainda tô com o nó preso na garganta. Sabe quando você consegue perceber todo o amor que uma situação envolve? Eram gêmeos, do jeito que eu queria ter, e quando o pai foi mostrar o bebê pros avós, tios e tias pelo vidro do berçário, todos abriram um sorriso enorme e os olhos encheram de lágrimas. Aqueles seres, tão pequenos, vieram ao mundo pra tornar tudo grande. A espera grande, a ansiedade grande, o carinho grande, um amor grande, multiplicado por dois.
O que é bom reverbera
Cheguei na metade. As pessoas já pareciam estar num ritmo próprio, ou melhor, próprio do lugar porque eu, chegando atrasada, ainda me sentia fora - era eu, e eles.
Sentei num lugar qualquer longe do olhar de todos, não queria atrapalhar, chamar atenção, ser vista. Mas, como quase que um convite sem a oportunidade de negar, entrei na roda. Fechei meus olhos e não tive vergonha - as vezes deixo de fazer o que eu quero por vergonha. Senti seu ritmo. Todos batiam de formas diferentes mas eu conseguia perceber, era o coração. Cada um com seu coração, cada coração batendo com substâncias diferentes. O que estava na minha direita começou com as mãos e o chão de madeira. Outro lá no canto também usava as mãos e madeira, mas o ritmo era diferente. Eu, ainda com meus olhos fechados, batia palmas. Eu, ainda com meu olhos fechados. Eu, ainda com meus olhos fechados me lembrei de tanta coisa. Lembrei tanto que por um milésimo de segundo senti a presença do Michel ao meu redor. Era o seu cheiro e o cheiro do Rio de Janeiro, aquele cheiro bom de "pode fazer tudo". O som do metrô, o vento frio que passava pela gente naqueles dias de chuva de dezembro, o quatro só nosso, os cafés da manhã que viravam almoço por acordar perto do meio dia. Aquele cheiro de tudo entrou rasgando minhas narinas. Doeu. Chorei. E quis mais. Tudo que é bom, um dia, reverbera.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Ainda sobre a poética
Ainda sobre a poética, percebi agora, nesse momento entre a consciência e o sono - nesse momento em que as idéias fugitivas da realidade tomam liberdade - percebi que minha vontade de fotografar não pode ser dada a qualquer corpo. Ela, a fotografia, tem sua poética, e a poética tem seu personagem. Meu nú e cigarro.
Queria me debruçar sobre a página e conseguir deixar a narrativa fluir como a de Clarice, mas vez ou outra esbarro na finitude da coisa dita. Passando e repassando as frases na minha cabeça, soam-me como ecos, tudo faz sentido e tem forma. Mas tentando transformar o nó na garganta em poética, porque ainda preciso ter uma poética, esbarro.
Ontem falávamos sobre a poética de um exercício de Tarcísio. Ele próprio já é uma poética, mas vou tentar exemplificar em palavras. Falávamos sobre a poética e fiquei pensando sobre o que ela significa. Acho que seria como o significado da coisa, aquele que a traduz através da sua beleza mais própria. Pra mim há poética na chuva, não pela sua constituição física de água, nem a forma como o processo do clima transforma vapor em chuva, mas...aquelas gotas caindo...o cheiro da terra ficando molhada...é...tá vendo? esbarro. Não consigo definir a poética da chuva, mas pra mim ela tem sua poética, e é linda, tão própria, e tão minha, que não consigo transformá-la em outra coisa.
sexta-feira, 20 de junho de 2014
Pelo contrário
Não é pelo medo de me mostrar, já estou o fazendo. Também não é uma forma de dizer que gosto, porque também não é isso. Mas no ato simples de se dirigir pra explicar, fica implícito o querer. Eu quero, claro que quero, mas é um querer quase não querendo. Não que seja descompromissado, mas, quase que, livre.
Eu juro, é tão verdade! Mas parece que no impulso de desdizer, vou acabar dizendo. Mas não é isso, pelo contrário.
quarta-feira, 11 de junho de 2014
Tramando
Era um cigarro. Tinha o corpo fino, longo, mas não cabia entre os dedos, escapava-lhe. Na ponta, a cabeça queimava em cinza de pensamentos, não, ideias, não, acordes. A boca larga, os lábios acompanhando a proporção, tinha gosto de nicotina.
1º dia, da arquitetura
Gosto do torto. Parece-me que apenas no desajustado, incoerente, mal-feito, encontro beleza. É como se meus olhos, repousando na Catedral recém-restauradas (Catedral da Sé), com suas curvas perfeitas, não encontrassem a súplica da ajuda.
Gosto do desgosto, do lado oposto, do irregular.
Árvores brotando no topo daquelas construções, as janelas quebradas, pra mim, revelam a beleza do inesperado. Sim! É isso! É do inesperado que gosto, a beleza sem querer ser, apenas sendo e deixando aos olhos do expectados a tradução.
Sobre ela e o tempo
Não precisava de espelho para olhar-se. Não conseguia. A imagem que se refletia naquele objeto já ecoava no conceito que fazia de si. Bruxa. Bruxa e magra. Bruxa por conta dos cabelos que, com a idade, não tomavam mais uma forma harmoniosa. Estavam secos. Ela estava seca.
Sua pele não era mais a mesma. Ao enxugar-se percebia que mesmo a grande quantidade de água usada durante o banho não era capaz de hidratá-la. Essa mesma pele ressecada marcava-lhe o interior, porque sua falta de tecido adiposo revelava suas veias, grandes e ressaltadas, além de cobrir e desenhar o contorno dos ossos.
Mas de todas as marcas que o tempo havia lhe deixado o maior e mais expressivo era o olhar. Cansado. Cansado e vazio. Com dificuldade reagiam com alegria ou se banhavam de lágrimas diante de alguma notícia.
Sua pele era a única coisa que a revelava, mas eu queria mesmo conhecê-la pelo olhar.
Caroline Maciel
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